Literatura de Cordel nordestina

A literatura de cordel nordestina é uma manifestação da cultura popular tradicional. Nascida no interior do Nordeste, espalhou-se por todo o país pelo processo migratório do sertanejo-nordestino. Os temas são muito diversos, praticamente qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta habilidoso. É considerada literatura oral, ou seja, escrita para ser dita em voz alta. O cordel abrange dezenas de modalidades poéticas, como sextilhas, oitavas, décimas etc. As principais características são ter as rimas perfeitas (que têm o mesmo som) e versos metrificados (em 5, 7 ou 10 sílabas poéticas). A forma tradicional de impressão é o folheto, e as suas capas, geralmente, são feitas em xilogravura. (César Obeid). Para um texto completo sobre a literatura de cordel, leia a abertura do livro Poesia é escutar o que poucos podem ouvir, Ed. Moderna. 

Cordel da Bruxa

Cordel da bruxa,

Por César Obeid
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@escritorcesarobeid

 

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cordel sempre rimado
Uma brincadeira puxa:
Vou fazer o meu feitiço,
Vou vestir minha capucha.
Neste arsenal de rimas
Eu desenho todos climas
Para lhes falar da bruxa.

Seja magra ou gorducha,
Seja baixa ou seja alta,
Parece uma mulher velha,
Corcovada que assalta
O leito da mãe que dorme,
Rouba o filho sem informe
E pela janela salta.

Quando a mamãe sente a falta,
Da criança bem gorducha,
A velha dá uma risada
Estridente que repuxa
Sua cara ameaçadora,
Sai voando na vassoura
Com o seu chapéu, a bruxa.

Seja grande ou pequerrucha,
Deixa o feliz infeliz,
Deixa a criança com medo
De tudo o que ela diz,
Mas para não terem medo,
Eu lhes conto um segredo:
Beijem a pinta do nariz.

 

Presente em todo país,
Do Norte à terra gaúcha,
Feitiços no caldeirão
São como sua garrucha;
Lagartos, cobras e sapos,
Morcegos e muitos trapos,
Quem tem medo da Bruxa?