A Xilogravura e a Literatura de Cordel
por César Obeid
www.cesaobeid.com.br

A xilogravura é uma técnica milenar, na qual consiste em entalhar a madeira, entintá-la e, como em um carimbo, imprimir o desenho em um pedaço de papel. Essa arte está intimamente ligada à literatura de cordel, desde as primeiras décadas do século XX. 

Se observarmos a história da literatura de cordel no Brasil, veremos que a xilogravura, ou até mesmo suas versões modernas, como a “xilo” digital (onde os artistas usam programas de computador em vez de madeira, para criar imagens que parecem gravuras tradicionais), está presente em muitas obras de cordel. Isso inclui livros, folhetos, sites e muito mais.

Mas aqui está um detalhe importante: nem todos os cordéis usam essa técnica maravilhosa. Pode haver cordéis que não têm xilogravuras. Isso é totalmente aceitável pela tradição dos poetas populares do interior do Nordeste. 

Agora, quando você decide criar um cordel, lembre-se de que estamos falando de poesia, de poemas. Existem algumas regras que os cordelistas seguem:

Métrica: As métricas mais utilizadas são de 5, 7 ou 10 sílabas poéticas, o que dá musicalidade aos poemas. 

Rimas perfeitas: Todas as rimas precisam ter exatamente o mesmo som. No cordel, não usamos rimas que soam parecidas, como “cadeira” e “brincadeiras”, ou rimas que só se encaixam de acordo com o registro da fala, como “César” e “reza”.

Modalidades poéticas: Os tipos de poemas aceitos são os mesmos da cantoria de viola, uma tradição de poesia improvisada. 

Depois de criar com cuidado sua poesia, você pode escolher se deseja ou não adicionar ilustrações com xilogravura. Lembre-se de que, na literatura de cordel, o que realmente importa é a estruturação poética, da rica tradição nordestina. 

Lembramos que este texto foca na literatura de cordel do Nordeste do Brasil, não no cordel Ibérico, que tinha esse nome porque os folhetos eram pendurados em barbantes em feiras.

Do livro: Desafios de Cordel, de César Obeid. Editora FTD.
Poema: Um cordel sobre xilogravura. Modalidade: oitava

Chamam de xilogravura

Esta arte muito pura
Que há milênios já perdura
A gravura na madeira
Arte séria ou brincadeira
Porém nunca falta amor
Para o xilogravador
Ter a arte verdadeira. 

O artista que faz xilo
Ele vive tão tranquilo.
Na madeira o seu estilo
Num desenho faz brotar.
Com a goiva vai talhar
O desenho invertido
Mas nem tudo resolvido
A matriz falta entalhar.

(o poema tem mais duas estrofes)

Proibida a reprodução de trechos ou íntegra do poema sem a expressa autorização do autor.

 

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