Cordel Rimando o Brasil, de César Obeid

Cordel Rimando o Brasil (sextilha)

Vou falar sobre esta pátria
Com meu verso mais gentil
Que recebe todo o mundo
Ao Brasil dou nota mil,
Misturando lá com cá,
Vou rimar sobre o Brasil.

[…]

No Brasil sempre misturo
A viola e o violão,
O ganzá com berimbau,
Violino com canção.
Eu misturo a capital
Com a vida do sertão.

Brasileiro é povo rico,
Brasileiro é povo pobre,
Mostra sempre a miséria,
Mas a mesma sempre encobre,
Misturando Norte a Sul,
Tudo novo se descobre.

[…]

É Brasil contraditório,
Avenida com favela,
De criança barriguda,
De criança magricela,
De mendigo na calçada,
Do ricaço da novela.

Mas é meu este Brasil,
É só nosso este país,
Entre dores e alegrias,
Nele eu sou sempre aprendiz,
Ao dizer assim: – Brasil!
Eu queria estar feliz.

 

Oralidade de Cordel 

Oralidade de Cordel 

O cordel só toma vida quando dito!

E que seja sempre bem dito! Falado, cantado ou interpretado, não importa!

Diga um verso de cordel e comprove!

É impossível ler um cordel em “voz baixa”.

Solte a voz, a emoção e o corpo!

A literatura de cordel foi (e ainda é) muito vendida em feiras do interior do Nordeste, Claro que o poeta deveria utilizar de muita expressão e energia para fazer com que sua história ficasse muito interessante para convencer seu público a comprar seu folheto.

 

 

Minhas Rimas de Cordel

Minhas Rimas de Cordel

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César Obeid traz drama adolescente em Suave aroma dos campos de lavanda – Editora Brasil

César Obeid traz drama adolescente em Suave aroma dos campos de lavanda – Editora Brasil

Texto Originalmente publicado por Editora Brasil

O palestrante e autor de literatura infantil e juvenil César Obeid lançou em setembro deste ano sua nova obra Suave aroma dos campos de lavandaPublicado pela Editora do Brasil, o livro apresenta a história de Joyce, uma jovem que precisa lidar com o luto pela morte dos pais enquanto sofre restrições alimentares por descobrir que é celíaca, o que a impede de comer muito do que as “pessoas normais” comem. O drama adolescente nos leva a uma incrível jornada de autoconhecimento e amadurecimento, na qual a protagonista precisa lidar com problemas além da idade. 

Drama adolescente: “é preciso sensibilizar sem usar violência”

As desventuras de Joyce não param por aí. A narrativa segue contando os desdobramentos no pós falecimento dos pais da protagonista, que, em meio à burocracia necessária e ao Ensino Médio, ainda precisa lidar com um segredo que o pai, em vida, guardou por mais de uma década. 

Ao proporcionar tantos episódios complexos, o livro apresenta ao leitor juvenil uma carga considerável de dramaticidade. Para o autor, essa nuance é necessária ao jovem. “É preciso sensibilizá-los”, explica Obeid. “Ao apresentar temas como a doença celíaca, que é um drama real, é possível atingir o jovem sem que para isso seja preciso usar violência, que é muito adotada nas histórias de hoje”, defende. 

Talvez esse seja exatamente o melhor momento para impactar e sensibilizar o jovem leitor. A última pesquisa Retratos da Literatura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em 2016, apontou um crescimento da população leitora nacional. Segundo o levantamento, 104 milhões de brasileiros podem ser considerados leitores, o que corresponde a 56% da população, ante os 50% da edição anterior da pesquisa, realizada em 2011. A quantidade média de livros consumidos por pessoa também aumentou, passando de 4 para 4,96 por ano. 

A mesma pesquisa avaliou que grande parte do público infantojuvenil, jovens de 5 a 17 anos, que podem ser considerados leitores (isto é, leram pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses) leem por vontade própria. A segunda motivação não poderia ser menos evidente: a obrigação escolar.

O aumento da população leitora, ainda que tímido, representa um momento de ação para os autores – ainda mais quando boa parte dos jovens ainda lê por gosto. “É preciso que o adolescente aprenda [com a literatura] que é preciso lidar com situações que a gente não quer”, pondera Obeid. “E o mundo sempre vai falar isso para nós: ‘não vai ser como você quer’. E a gente precisa aprender a lidar com isso”. Daí a importância do drama adolescente tão marcado em Suave aroma dos campos de lavanda.São dramas reais que o jovem deve saber que existem para aprender a como reagir”, diz o autor. “Joyce não teve tempo de chorar a perda dos pais ou a doença celíaca. É um drama atrás do outro. Ela não queria perder os pais, queria comer pizza por todo canto. Mas como ela vive com isso? Ela para, respira, e aprende a se adaptar a uma situação que foi obrigada a viver”, completa.

Precisamos falar sobre bullying

Em meio ao turbilhão de dramas envolvendo sua saúde e a morte dos pais, Joyce, então amparada apenas pela avó, que viaja do interior para acompanhar a neta, ainda precisa lidar com outras questões: o bullying no colégio onde estuda o Ensino Médio.

“Para que o bullying exista, ele precisa ter a intenção, querer ridicularizar o outro; precisa ter público e desequilíbrio na relação de poder”, explica César. A combinação desses três elementos não é encontrada somente em Suave aroma dos campos de lavanda, como também é a realidade de muitas escolas brasileiras. 

Sobre essa questão, o autor comenta sobre vivermos “em bolhas” – “cada vez que vemos um conteúdo na internet, recebemos mais e mais do mesmo conteúdo”, avalia, o que acaba por diminuir o contato do jovem com o diferente, alimentando a intolerância, o que dá vazão para o bullying. 

É preciso conversar sobre bullying não apenas com quem sofre, mas também com quem pratica”, César opina. “Quem faz a prática, quem ridiculariza o outro, normalmente tem algo por trás. Então, porque não chegar e conversar também; ver como andam as coisas com o jovem, com a família?”, comenta. É exatamente essa a proposta de Suave aroma. Emily, ao viver uma relação conturbada com Joyce no Ensino Médio, tem seu passado e suas raízes explorados com maestria, humanizando não apenas a protagonista, mas também quem comete erros. “O bullying sempre existiu, e vai continuar existindo. Mas é necessário humanizar quem o faz, para podermos compreender, ajudar, e contornar a prática”.

Com uma narrativa forte e, ao mesmo tempo, delicada e envolvente, Suave aroma dos campos de lavanda promete ganhar pais e filhos, alunos e professores, certamente se consolidando como uma literatura essencial para trabalhar diversas competências socioemocionais dos alunos em sala de aula.

Fonte | Texto Original | Comprar o Livro

Entrevista com César Obeid  sobre o livro Suave Aroma dos Campos de Lavanda – Folk Comunicação

Entrevista com César Obeid sobre o livro Suave Aroma dos Campos de Lavanda – Folk Comunicação

Folkeando com Cesar Obeid: Suave aroma dos campos da literatura

Íntegra de Entrevista publicada por Victor Hugo Cavalcante no site Folk Comunicação

Victor Hugo Cavalcante: Primeiramente agradecemos por nos conceder esta entrevista e gostaria de começar perguntando: Como começou sua relação com a literatura?

Cesar Obeid: Começou com o teatro. Aos 20 anos, comecei a estudar dramaturgia, a técnica da escrita teatral, com o professor Chico de Assis. Participei do seminário de dramaturgia por 05 anos, foi uma experiência incrível.

Depois veio meu trabalho com os poetas repentistas, no qual fiquei fascinado com a possibilidade de elaborar um verso na hora, de repente. E até hoje não parei de estudar e sempre me interesso por coisas novas.

Victor Hugo Cavalcante: Em Suave aroma dos campos de lavanda você conta a história de uma protagonista forte, lutadora e com muitas lições a ensinar. Conte-nos como foi o seu processo de pesquisa sobre a celíaca (doença autoimune crônica do intestino delgado) para escrever o livro infantojuvenil.

Cesar Obeid:  Meu afilhado, Pedro, tem esta doença, ou seja, vivencio de perto suas restrições e hábitos alimentares. Eu mesmo, quando fiz um teste de alergia alimentar, descobri que tinha uma leve alergia ao glúten, o que me fez pesquisar mais e mais sobre o tema e buscar outras formas de consumir pães e tortas, sem farinha de trigo, por exemplo.Na verdade, para mim, o universo com alguma restrição alimentar não é uma novidade.

Sou vegano há muito anos, já publiquei dois livros de alimentação natural para as crianças e sempre pesquiso como introduzir mais alimentos saudáveis e saborosos nas refeições.Às vezes, uma restrição alimentar, severa ou não, por motivos de doença (como a celíaca) ou por opção (como o veganismo), pode abrir um leque muito maior de opções alimentares.

Uma pessoa celíaca, pode fazer torta com farinha de grão de bico e farinha de amêndoa que são super nutritivas.

Victor Hugo Cavalcante: Quais são seus autores prediletos e em quais você se influencia enquanto escritor? Por quê?

Cesar Obeid:  Eu leio de tudo, dos ditos Clássicos, Shakespeare, Machado de Assis e Fernando Pessoa.Adoro ler Pedro Bandeira, tem uma narrativa ágil e envolvente.

Gosto também da literatura juvenil feminina, Paula Pimenta é uma autora que gosto bastante. Literatura infantil também faz parte da minha rotinha literária, Jonas Ribeiro, Ilan Breman, Ricardo Azevedo, entre tantos outros. Leio dezenas de livros por ano, todos me influenciam de alguma forma.

Victor Hugo Cavalcante: O suave aroma dos campos de lavanda é um livro que prende a atenção do leitor pela riqueza de detalhes, o suspense entre os acontecimentos, a emoção ao longo das descobertas de Joyce. Onde você trata assuntos delicados como doenças, luto e bullying de forma sensível e agradável, envolvendo o público com cada palavra. Para você enquanto escritor com obras reconhecidas pela Fundação Nacional do Livro infantil e Juvenil (FNLIJ) qual a importância de falar sobre estes tipos de temas para o público infantojuvenil?

Cesar Obeid:  São temas reais, que estão presentes em todas as escolas, independente da classe social ou idade do grupo. Em qual sala de aula não há conflito que precisa ser debatido? Qual família não enfrenta situações desagradáveis que precisam ser vivenciadas?

A literatura é um reflexo da vida, nada além disso. O problema é que temos medo do conflito e logo queremos escondê-lo embaixo do tapete, dizendo que está tudo bem, mas já sabemos que isso não dá certo.

Os conflitos precisam ser acolhidos, colocados no centro das discussões. Mas, quem consegue, hoje em dia, ouvir algo que não gosta? Difícil, não? Por isso a experiência literária é maravilhosa.

Nós, leitores, vivemos as emoções dos personagens, profundamente.

Victor Hugo Cavalcante: Quais foram as maiores dificuldades que você enfrentou durante o processo de pesquisa e escrita do O suave aroma dos campos de lavanda?

Cesar Obeid:  É um enredo com muitas variações, a maior dificuldade foi dar o tom certo na costura dos acontecimentos. Acho que consegui!

Victor Hugo Cavalcante: Você também escreveu outros livros, conte-nos um pouco sobre eles.

Cesar Obeid: Escrevi livros para crianças bem pequenas, crianças leitoras e também obras para jovens, como Suave Aroma dos Campos de Lavanda.

São vários temas, vários gêneros textuais (prosa, verso, teatro etc.), mas percebo que há uma unidade, minha preocupação com uma vida mais saudável, a conexão com a natureza e a resolução de conflitos de maneira pacífica.

Isso não quer dizer que em meus livros os conflitos não existam! Pelo contrário, gosto de apresentar conflitos bem intensos para que os personagens, com maturidade possam enfrentá-los.  

Victor Hugo Cavalcante: Já existe algum outro livro rascunhado na sua mente ou no papel/computador? Conte-nos um pouco sobre esta novidade.

Cesar Obeid: Sim, estou preparando mais uma obra de ficção científica que mostra, em uma narrativa futurista, como será a nossa relação com a tecnologia. Este é mais um tema do meu interesse, a dependência tecnológica.Quanto tempo não perdemos nos distraindo no celular enquanto poderíamos fazer coisas mais produtivas, como ler, por exemplo.